Na paixão a doação é total, a dedicação é absoluta.Entra-se na relação com tudo, disposto a sair sem nada: é um milhão ou zero.No amor, busca-se a troca, o equilíbrio.Você entra com algo e espera sair com algo, é uma afetividade com empate. Na paixão você está sempre diante da pessoa da sua vida, ela não tem defeito, é perfeita....já no amor se conhece o outro com seus defeitos e qualidades, e essa aceitação que nos faz amar verdadeiramente, aceitando o outro como ele é e não como eu gostaria que ele fosse, ou como eu idealizei que ele seria.Paixão é bom, é ruim? Ninguém sabe...ela simplesmente acontece e ninguém é o mesmo depois do desvario de uma paixão..Vidas renascem com paixões.Outras viram cinzas por causa dela.Marx (Karl Marx, filosofo e economista alemão errou completamente.Não é a luta de classes que move a história, é a paixão.Paixão é a revolução a dois.E toda comunidade fica abalada. Foi assim com Romeu e Julieta,Tristão e Isolda.Não é de hoje que reinos se fazem e se refazem por causa da paixão. Paixão é alucinação amorosa, por isso é arma de dois gumes.E corta. E sangra. Se não sangrou, se não teve insônia, se não desesperou, paixão não era.Talvez fosse desejo, que o desejo é diferente. No desejo a gente quer o outro para possuir apenas, passageiramente. Na paixão, não. Na paixão, a gente quer se fundir com o outro para sempre.Existe diferença entre amor e paixão? Existe. No amor, claro que há luminosa coabitação.Mas o amor é também paciente construção. Já a paixão é arrebatamento puro e a voragem é tão grande que pode tudo se esgotar de repente.Quantas vezes se apaixona numa vida? Há gente que vive se inventando paixões para viver. E há gente que organiza toda sua vida em torno de uma única e consumidora paixão. Paixão é transgressão.A paixão tem cor. É roxa. E é vermelha. Pressupõe morte e ressurreição. Da paixão vivemos muito.
Da paixão morremos sempre.
Ana
quinta-feira, 24 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Furkapass!!!!!
Nove de julho de 1998, dez horas da noite, estávamos a 2436m de altura num pequeno vilarejo a caminho da Áustria, ainda na Suíça. Lá fora começava a escurecer e onde quer que se olhasse eram montanhas de gelo muito próximas. O frio era terrível, a temperatura lá fora devia estar por volta dos cinco ou seis graus. O hotel parecia ter saído de uma página de livros de histórias medievais e de terror. Estávamos no 3º andar do quarto nº 34. Não havia banheiro; somente no andar de baixo, os móveis eram do século passado; havia uma cômoda muito antiga com bacia e jarro de louça com água dentro. Estávamos viajando de Chamonix na França pela encosta das montanhas geladas e este era o lugar mais alto. A impressão que eu tinha é que dali a pouco, fantasmas acorrentados do século XV iam começar a caminhar pelo hotel. Estávamos ali por uma noite apenas, ainda bem! A solidão era terrível. Não havia nada, televisão nem telefone. A única coisa a fazer era ler ou pensar na vida. Ali devia ser um bom lugar para se refletir e para se conversar com Deus, ali se sentia ele muito perto, tão perto que achei que desta vez ele iria me escutar. Lá fora o vento começava a assobiar. Rezei para que tudo desse certo. Não sabia se iria conseguir tomar banho, tirar a roupa naquela temperatura era um ato de coragem e eu não sou tão corajosa assim.Não conseguia dormir, meu coração batia muito alto e mais forte, e eu podia escuta-lo no silêncio da noite.Começava a chover lá fora e a temperatura já estava a três graus e devia beirar durante á noite perto do zero graus. Furkapass é uma estação de apoio aos viajantes e ponto de partida dos alpinistas. É um lugar estranho, onde as pessoas se movimentam devagar por causa da altura, comem enlatados e carne de caça. Parece um sonho, um lugar que não existe, como se de repente tivéssemos atravessado as portas de outra dimensão e entrado num outro mundo, ou ainda como se tivéssemos chegado no fim dele, em sua última saída, é, se o mundo tiver um fim esse lugar só poderia ser aqui. Nada conseguia esquentar o quarto que mesmo com o aquecedor ligado ainda estava gelado. Tudo era frio, as cobertas, o toque em qualquer objeto fazia subir um calafrio terrível. E eu fiquei a pensar como devia ser viver todos os dias num lugar assim, absolutamente sem nada. Ao que parecia, o hotel fechava durante o inverno já que ficava impossível chegar até ali, até porque no inverno a neve fazia desaparecer tudo. Isso me fez lembrar um pouco do filme O Iluminado, e esse pensamento fez arrepiar todo meu cabelo, uma onda de medo atravessou meu corpo gelado. Tentei não pensar mais naquilo, tentei pensar em alguma coisa boa, mas o medo era maior. Escutei passos no corredor, por segundos parei de respirar para escutar melhor, eram vozes que se aproximavam da porta, mas se perdiam ao longo do corredor. Não conseguia entender o que diziam, mas percebi que eram apenas pessoas subindo para seus quartos nada mais. Foi uma longa noite, uma fria e interminável noite num país distante, num vilarejo perdido no tempo e no espaço. É como se tudo aquilo fosse um sonho, um sonho louco e sem sentido, como se de repente meu corpo mergulhasse num lugar desconhecido e tivesse medo de se perder para sempre. Aos poucos a temperatura do meu corpo começava a esquentar, mesmo assim não dava para se mexer, um simples movimento e tudo ficava frio novamente. Fiquei pensando no rapaz que nos atendeu na portaria, falava um dialeto incompreensível, foi difícil nos entendermos, sua aparência era extremamente feia, quando sorria deixava aparecer uma boca faltando vários dentes e os que lhe restavam eram pretos e podres, o que lhe dava um aspecto ainda mais assustador. Ele também parecia ter saído de um sonho ruim. Pensei: Se ele nos matar, ninguém jamais vai saber, ninguém sabe onde estamos e com certeza aqui ninguém vai achar para nos procurar. Seria um crime perfeito! Essa idéia me paralisou por alguns momentos. Tudo ali parecia irreal, havia em tudo uma beleza assombrada: ao mesmo tempo em que atraía, amedrontava. Fiquei horas sem me mexer, pelo frio e também pelo medo. Minha fantasia ia a mil, todo tipo de pensamento passava pela minha cabeça: desde os crimes mais bárbaros até as almas penadas e sofredoras a vagar, a chorar e a reclamar pelos seus pertences. Como se elas estivessem a dizer que aquele lugar não nos pertencia, que éramos intrusos e não nos queriam ali. De dentro do quarto eu podia ouvir as batidas do relógio do corredor, tinham um ritmo metódico e melancólico, eram badaladas tristes como se naquele lugar até o relógio reclamasse por alguma coisa. Eu não conseguia saber que horas poderiam ser e levantar para ver nem pensar. O que será que aquelas pessoas faziam ali? E aquele rapaz? Qual seria seu nome? Como seria sua vida? Teria esposa? Namorada? Mãe? Mãe com certeza, mas, namorada, esposa? Com aqueles dentes? E aquele aspecto sombrio? Não sei não! Seria ele o dono do hotel? Não, acho que era só um funcionário? E se ele enlouquecesse naquela noite? Justo naquela noite? Não, isso não iria acontecer! Os pensamentos iam e vinham sem lógica alguma, sem sentido e eu não conseguia chegar a nenhuma conclusão racional. De repente meu corpo estremeceu e foi como se eu estivesse caindo vertiginosamente num abismo, a sensação era de queda, alguém falava ao meu lado, mas eu não conseguia entender suas palavras, não conseguia enxergar seu rosto, sentia apenas que era alguém que eu conhecia. Parei! Um solavanco e a queda parecia chegar ao fim. Meu corpo, corpo? Ficou flutuando pelo espaço e eu conseguia visualizar o que estava acontecendo ao meu redor. Era uma sensação estranha, parecia um sonho, um sonho que estava acontecendo.O medo passou como que por encanto e eu comecei a passear pelo estranho hotel. Era mesmo estranho; em seus corredores havia cabeça de animais empalhados, objetos antigos, móveis do século passado, parecia mais um castelo da era medieval. O hotel tinha quatro andares, todos muito parecidos, havia muitos quartos e um banheiro em cada andar, apenas no 3º andar não havia banheiro. Dentro dos quartos a mobília era muito parecida também, e em todos eles os lençóis eram muito brancos e com bordados muito antigos.Os banheiros eram ainda mais esquisitos, uma parte deles conservava a parte antiga, contracenando com reformas atuais de pisos e azulejos, havia em seus boxes cortinas de um plástico simplesmente horrível. Havia uma sala com muitos quadros na parede, quadro de pessoas, de rostos para ser mais clara. Lembrava um museu! Era como se aqueles rostos pertencessem ao local, todos seus descendentes estavam ali estampados, deviam ser suas almas que vagavam á noite pelo hotel incomodados com os hóspedes que ali dormiam. Havia também muitos troféus, que deviam ser prêmios de caça, foi o que me pareceu. Meu corpo continuava a vagar pelos corredores do hotel e ele já não parecia tão assustador. De repente me vi do lado de fora, devia estar muito frio, pelo menos uns 4º graus abaixo de zero, mas meu corpo não sentia absolutamente nada e tudo era de uma beleza inacreditável. As montanhas de gelo estavam bem ao meu alcance e eu podia toca-las, eram as geleiras eternas que nem o verão europeu consegue derrete-las.
Àquela hora não havia alpinistas nas montanhas, devia ser muito tarde, madrugada acredito.Os abismos que nos rodeavam eram impressionantes, cair ali nunca mais, era morte na certa. Por todos os lados a natureza era assustadora e também de uma beleza inconcebível. Não sei ao certo por quanto tempo meu corpo vagou por aqueles lugares, talvez tempo suficiente para que eu me familiarizasse com tudo aquilo. A noite estava muito escura e não havia iluminação no local, apenas uma lâmpada muito fraca brilhava na porta de entrada do hotel, tornando-o ainda mais assustador. Ao lado do hotel havia um enorme galpão que me pareceu ser uma espécie de enfermaria, de primeiros socorros. Não vi uma só casa no local, um pouco mais abaixo perto da estrada vi uma pequena igreja, com um sino muito velho em sua torre. Aquilo parecia estar ali há séculos. Nada mais! Apenas a neve das montanhas iluminava aquilo tudo e a noite eram ainda mais brancas. Repentinamente uma voz familiar me trouxe de volta, era a Solange que me chamava para o café da manhã. Abri os olhos e fiquei um tempo ali em estado de torpor pensando no sonho que tivera, parecia tão real e eu já conhecia aquilo tudo sem ter ao menos saído do quarto, sabia cada lugar, cada detalhe, como se sempre estivera ali. Levantei, arrumei minhas coisas e comecei a descer os degraus devagar, quando olhei aquele rapaz estava ao meu lado pedindo através de gestos que fosse mais devagar. Assustei, ele parecia ainda mais estranho. Não consegui comer! Havia na sala de refeições uns quatro ou cinco alpinistas se preparando para subir as montanhas. Saí lá fora, o dia estava nublado, chovia uma chuva muito fina e as montanhas tinham desaparecido atrás da neblina. A torre da igreja se perdia na paisagem, o sino estava mudo como se há muito tempo não tocasse, não havia um só ruído, um único som, nada que aparentava vida se mexia. O lugar era silencioso e de total abandono. A sensação era como se tudo tivesse acabado, como se fossemos os únicos sobreviventes naquele fim de mundo. Como se nada mais houvesse. Um arrepio percorreu meu corpo da cabeça aos pés. Tive medo! Começamos a descer a encosta em direção da auto – estrada e á medida que descíamos o ar melhorava e o coração voltava a bater no ritmo certo. A paisagem começou a mudar, começaram a aparecer pequenas casas, flores, os vinhedos, uma escolinha e algumas crianças brincando em seu interior. Pensei naquele lugar durante todo o caminho, as geleiras foram ficando distantes á medida que a civilização foi aparecendo novamente e eu me senti mais protegida e segura. Continuamos a viagem, mas aquele lugar nunca saiu do meu pensamento e mesmo agora anos depois aquele sonho ainda é tão real quanto naquele dia. Ás vezes chego a pensar que aquele lugar na verdade nunca existiu que foi mesmo irreal, imaginário, que foi um sonho, porque Furkapass não existe em mapa algum, ninguém nunca ouviu falar, é um lugar sem cor, é mesmo um vilarejo perdido nas encostas das montanhas geladas, encravado nos morros, rodeado por abismos e mistérios. È um caminho estranho e solitário percorrido por viajantes que se perdem e ali encontram abrigo. Poderia ser um caminho que só as almas percorrem, perdidas e acorrentadas em sua própria solidão, um caminho de sonhos, um caminho pelo qual se passa uma única vez na vida, um sonho que também só se sonha uma vez e depois nem mesmo a certeza de tê-lo sonhado temos mais.
Àquela hora não havia alpinistas nas montanhas, devia ser muito tarde, madrugada acredito.Os abismos que nos rodeavam eram impressionantes, cair ali nunca mais, era morte na certa. Por todos os lados a natureza era assustadora e também de uma beleza inconcebível. Não sei ao certo por quanto tempo meu corpo vagou por aqueles lugares, talvez tempo suficiente para que eu me familiarizasse com tudo aquilo. A noite estava muito escura e não havia iluminação no local, apenas uma lâmpada muito fraca brilhava na porta de entrada do hotel, tornando-o ainda mais assustador. Ao lado do hotel havia um enorme galpão que me pareceu ser uma espécie de enfermaria, de primeiros socorros. Não vi uma só casa no local, um pouco mais abaixo perto da estrada vi uma pequena igreja, com um sino muito velho em sua torre. Aquilo parecia estar ali há séculos. Nada mais! Apenas a neve das montanhas iluminava aquilo tudo e a noite eram ainda mais brancas. Repentinamente uma voz familiar me trouxe de volta, era a Solange que me chamava para o café da manhã. Abri os olhos e fiquei um tempo ali em estado de torpor pensando no sonho que tivera, parecia tão real e eu já conhecia aquilo tudo sem ter ao menos saído do quarto, sabia cada lugar, cada detalhe, como se sempre estivera ali. Levantei, arrumei minhas coisas e comecei a descer os degraus devagar, quando olhei aquele rapaz estava ao meu lado pedindo através de gestos que fosse mais devagar. Assustei, ele parecia ainda mais estranho. Não consegui comer! Havia na sala de refeições uns quatro ou cinco alpinistas se preparando para subir as montanhas. Saí lá fora, o dia estava nublado, chovia uma chuva muito fina e as montanhas tinham desaparecido atrás da neblina. A torre da igreja se perdia na paisagem, o sino estava mudo como se há muito tempo não tocasse, não havia um só ruído, um único som, nada que aparentava vida se mexia. O lugar era silencioso e de total abandono. A sensação era como se tudo tivesse acabado, como se fossemos os únicos sobreviventes naquele fim de mundo. Como se nada mais houvesse. Um arrepio percorreu meu corpo da cabeça aos pés. Tive medo! Começamos a descer a encosta em direção da auto – estrada e á medida que descíamos o ar melhorava e o coração voltava a bater no ritmo certo. A paisagem começou a mudar, começaram a aparecer pequenas casas, flores, os vinhedos, uma escolinha e algumas crianças brincando em seu interior. Pensei naquele lugar durante todo o caminho, as geleiras foram ficando distantes á medida que a civilização foi aparecendo novamente e eu me senti mais protegida e segura. Continuamos a viagem, mas aquele lugar nunca saiu do meu pensamento e mesmo agora anos depois aquele sonho ainda é tão real quanto naquele dia. Ás vezes chego a pensar que aquele lugar na verdade nunca existiu que foi mesmo irreal, imaginário, que foi um sonho, porque Furkapass não existe em mapa algum, ninguém nunca ouviu falar, é um lugar sem cor, é mesmo um vilarejo perdido nas encostas das montanhas geladas, encravado nos morros, rodeado por abismos e mistérios. È um caminho estranho e solitário percorrido por viajantes que se perdem e ali encontram abrigo. Poderia ser um caminho que só as almas percorrem, perdidas e acorrentadas em sua própria solidão, um caminho de sonhos, um caminho pelo qual se passa uma única vez na vida, um sonho que também só se sonha uma vez e depois nem mesmo a certeza de tê-lo sonhado temos mais.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Furkapass
Realmente é uma viagem de emoções e com uma paisagem deslumbrante, é uma garganta que fica ali entre duas montanhas dos Alpes suiços.
Passando por Munster, subimos até Furkapass, a 2475m de altitude, onde fica o glaciar e a nascente do Rhône. A partir daí iniciámos a descida, por uma estrada tão deslumbrante como a da subida e, a pouco e pouco vamos encontrando já pequenas povoações, pastagens para gado, pequenos bosques, etc.
Passando por Munster, subimos até Furkapass, a 2475m de altitude, onde fica o glaciar e a nascente do Rhône. A partir daí iniciámos a descida, por uma estrada tão deslumbrante como a da subida e, a pouco e pouco vamos encontrando já pequenas povoações, pastagens para gado, pequenos bosques, etc.
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