Ana

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Tenho um sonho, sonho mesmo, desses que você sonha á noite... sonho em ter uma pequena casa branca cheia de flores coloridas, de onde eu pudesse ver o mar, assistir todos os dias o sol nascer e o sol se por ao cair da tarde, deixando uma cor laranja no céu. Onde eu escutasse a música do meu próprio coração e estivesse mais distante das coisas da cidade. Onde pensar no futuro seria apenas pensar no dia seguinte, nas folhas secas que eu veria voarem com o vento a brincar, formando círculos ao redor de si próprias. Um lugar onde eu sentisse o pulsar da minha alma, onde eu pudesse viver com pessoas simples, mas que carregam tantas histórias, tantas sabedorias em suas pequenas bagagens. Ouvir histórias. Gosto de ouvir histórias. Não mais me preocupar se vão gostar de mim porque eu sou bonita, ou feia, porque tenho dinheiro ou não.Um lugar onde eu pudesse e tivesse tempo de ler todos os livros que eu quero,declamar todas as poesias que eu carrego dentro de mim e que ás vezes parecem querer explodir,se atropelar nos meus pensamentos. Onde eu pudesse falar sozinha e não tivesse que me preocupar no que as pessoas estivessem pensando. Falo sozinha? Não, Não falo sozinha, falo comigo mesma. Preciso conversar com meu coração,ouvir minha alma, preciso saber de mim mesma o que procuro. Um lugar onde houvesse festas, que são realizadas na rua, onde todos participam, onde se dança com o vestido mais simples e mais florido que se tem, onde se canta e se namora... Onde se sonha. E quem sabe daí nascesse um belo romance daqueles bem açucarados, com gosto de mel enrolados uma vela amarela e oferecido aos pés de Oxum num bonito trabalho de amarração. Romance mesmo, daqueles onde se é a princesa e estivéssemos na eterna espera do príncipe encantado. Mas encantado de verdade, porque senão não é príncipe e não tem graça. To procurando um para viver uma linda e perpétua história de amor: ”E foram felizes para sempre!” Valei-me minha mãe de Oxum!Saravá! Só mesmo sendo Filha de Oxum pra poder explicar esse temperamento instável e elástico; essa teimosia, essa irreverência, esse amor exagerado e manhoso, essa ousadia que atravessa meus miolos e sai em forma de sons ou de palavras escritas numa folha qualquer. Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Dizem que em alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro.
Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém pode atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as poderia ligar. Oxum não toleraria uma tal ousadia! Quando ela está em fúria, ela leva para longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio. Tá explicado minha bipolaridade, isso mesmo... Não é a psiquiatria que vai me diagnosticar e sim minha mãe Oxum, a Rainha das Águas Doces.

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